Ajudem a divulgar e venham participar desta concentração na Praça Universitária, dia 07 de setembro, das 13h. - 17h
Maiores informações - talhergoias10@gmail.com
Telefone - 32035322
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Circuito popular: Participar é um Direito está organizado para os dias 1 a 7 de setembro 2014
O Circuito "Participar é um Direito" é um esforço de vários grupos e pessoas que estão organizados na Rede Popular Cara Vídeo.
O Circuito é uma proposta para realização, de modo participativo, por isto, descentralizado e auto gestado pelos mais diversos grupos populares, organizações, Igrejas/religiões, instituições que desejam oferecer espaços para o debate sobre a participação como um direito político.
As atividades do circuito serão organizadas via online através de um formulário. Por isto pedimos a todas as pessoas interessadas que façam as inscrições das atividades FAÇA A INSCRIÇÃO DA SUA ATIVIDADE PARA O CIRCUITO
O circuito será um espaço popular para que os grupos possam se organizar com atividades de arte, alimentação, cultura, política, economia solidária, educação, movimentos populares.... As atividades podem ser realizada em todos os espaços - Igrejas, escolas, terreiros, circos, universidades, sindicatos.... Também envolvendo pessoas das cidades e do campo.
A Rede Popular Cara Vídeo reúne diversos grupos e instituições e está aberta para acolher grupos que desejam construir um Brasil popular com direitos respeitados. Estamos juntos: Centro de Juventude Cajueiro, Cara Vídeo-comunicativa, Rede de Educação Cidadã, Companhia de Teatro Zumbi, Ibrace, Fraternidade da Anunciação, Comissão Justiça e Paz, Conferência dos Religiosos/as do Brasil, Centro de Estudos Bíblicos, Curso de Verão, Oblatos de Maria Imaculada, Comissão Pastoral da Terra, Proafro/PUC, Coletivo de Mulheres Negras, CEBs, Pastoral Carcerária, Pastoral com os doentes portadores do virus da Aids, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, Pastoral da Juventude... Esperamos você...
AGENDE: Nosso próximo encontro será no dia 14 de agosto, 19 horas, no Centro Cultural Cara Vídeo. Rua 83, n.361, Setor Sul - Goiânia/GO. Confirme sua presença através do e-mail redecaravideo@gmail.com.
Algumas atividades já previstas
Dia 01 de setembro - No colégio Parque Amazônia será uma atividade de teatro, grafite.... organizado pelo grupo de Teatro da Cia Zumbi dos Palmares
Café com Direitos Humanos
Roda de Prosa no Campus II da Federal
Atividades na Diocese de Goiás
Atividades em Itumbiara/GO
E muitas outras....
O Circuito é uma proposta para realização, de modo participativo, por isto, descentralizado e auto gestado pelos mais diversos grupos populares, organizações, Igrejas/religiões, instituições que desejam oferecer espaços para o debate sobre a participação como um direito político.
As atividades do circuito serão organizadas via online através de um formulário. Por isto pedimos a todas as pessoas interessadas que façam as inscrições das atividades FAÇA A INSCRIÇÃO DA SUA ATIVIDADE PARA O CIRCUITO
O circuito será um espaço popular para que os grupos possam se organizar com atividades de arte, alimentação, cultura, política, economia solidária, educação, movimentos populares.... As atividades podem ser realizada em todos os espaços - Igrejas, escolas, terreiros, circos, universidades, sindicatos.... Também envolvendo pessoas das cidades e do campo.
A Rede Popular Cara Vídeo reúne diversos grupos e instituições e está aberta para acolher grupos que desejam construir um Brasil popular com direitos respeitados. Estamos juntos: Centro de Juventude Cajueiro, Cara Vídeo-comunicativa, Rede de Educação Cidadã, Companhia de Teatro Zumbi, Ibrace, Fraternidade da Anunciação, Comissão Justiça e Paz, Conferência dos Religiosos/as do Brasil, Centro de Estudos Bíblicos, Curso de Verão, Oblatos de Maria Imaculada, Comissão Pastoral da Terra, Proafro/PUC, Coletivo de Mulheres Negras, CEBs, Pastoral Carcerária, Pastoral com os doentes portadores do virus da Aids, Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, Pastoral da Juventude... Esperamos você...
AGENDE: Nosso próximo encontro será no dia 14 de agosto, 19 horas, no Centro Cultural Cara Vídeo. Rua 83, n.361, Setor Sul - Goiânia/GO. Confirme sua presença através do e-mail redecaravideo@gmail.com.
Algumas atividades já previstas
Dia 01 de setembro - No colégio Parque Amazônia será uma atividade de teatro, grafite.... organizado pelo grupo de Teatro da Cia Zumbi dos Palmares
Café com Direitos Humanos
Roda de Prosa no Campus II da Federal
Atividades na Diocese de Goiás
Atividades em Itumbiara/GO
E muitas outras....
segunda-feira, 5 de maio de 2014
VI Escola de Educadores Populares
Está aberta as inscrições para a VI Escola de Educadores Populares da Recid-GO, nessa etapa teremos como tema o debate de "Identidade, Opressões e Luta de Classe".
quarta-feira, 26 de março de 2014
Um retrato da mídia no Brasil
Pesquisa divulgada na sexta-feira (7/3) pelo ministro-chefe da Secretaria da Comunicação Social, Thomas Traumann, apresenta um relato inédito dos hábitos de consumo de mídia por parte dos brasileiros [ver abaixo]. Trata-se do primeiro levantamento efetivamente nacional sobre o uso dos meios de comunicação, com amostras representativas dos 26 estados e do Distrito Federal, que deverá ser repetido anualmente.
A metodologia tende a dar mais visibilidade aos meios de longo alcance, como a televisão e a internet. Essa é uma grande qualidade do estudo, uma vez que os levantamentos feitos por instituições privadas que representam as próprias empresas de comunicação cobrem apenas os grandes centros e o alcance da mídia mais concentrada. A realidade nacional é diferente daquela que se vê a partir de São Paulo, Rio ou Brasília.
O resultado mostra que assistir televisão é hábito de 97% dos brasileiros de todas as idades, gêneros, nível de renda, escolaridade ou localização geográfica. O rádio ainda tem grande penetração, citado por 61% dos entrevistados, e, tratando-se de uma pesquisa nacional, que inclui os lugares mais remotos do país, surpreende que 47% dos consultados tenham declarado o hábito de acessar a internet.
A leitura de jornais diariamente é hábito de apenas 6% das pessoas (25% dizem ler um jornal por semana) e 7% costumam ler revistas semanais.
Há algumas curiosidades interessantes nos gráficos, como o tempo dedicado por homens e mulheres à televisão, nos dias úteis e nos finais de semana, e a diferença de uso em cidades pequenas e nas regiões urbanas com mais de 500 mil habitantes: em média, a TV fica ligada mais de 3 horas por dia. Durante a semana, predominam os programas jornalísticos ou de notícias, com 80% de citações entre três respostas por ordem de lembrança, seguidos pelas telenovelas, com 48%. Aos sábados e domingos, a preferência muda para programas de auditório, com 79% das preferências; jornalismo passa a 35% e programas de esporte aparecem com 27% das escolhas.
Jornais semanários
O rádio também apresenta um perfil de alta intensidade, com o aparelho ligado cerca de 3 horas por dia, durante toda a semana. Há uma concentração maior de ouvintes na região Sul, enquanto no Centro-Oeste e na região Norte, por exemplo, mais de 50% afirmam nunca ouvir o rádio. Trata-se, também de um meio preferido pelas mulheres, tanto em frequência quanto em intensidade, com uma audiência mais relevante entre os maiores de 65 anos.
A internet aparece como o meio de comunicação que mais cresce entre os brasileiros. Um quarto da população já acessa a rede diariamente: de segunda a sexta-feira, com uma intensidade média de 3h39 minutos, e durante 3h49 nos finais de semana. Os usuários estão concentrados na faixa etária de até 25 anos, com 77% do total de entrevistados e predominância entre moradores das grandes cidades e pessoas com renda mais alta e maior escolaridade. A maioria dos usuários (84%) acessa a internet pelo computador, mas 40% também usam o celular para entrar na rede.
Um aspecto fundamental para o estudo do uso da mídia pode ser observado nos dados referentes ao tempo dedicado a redes sociais, principalmente o Facebook: 68,5% dizem utilizar preferencialmente os sites de relacionamento de segunda a sexta e 70,8% nos finais de semana. Entre os sites noticiosos nacionais, os mais acessados são os portais do grupo Globo, Globo.com e G1.com, seguidos pelo UOL e R7.com.
Sobre a leitura de jornais, a pesquisa não apenas confirma que se trata de um meio pouco usado pelos brasileiros, mas também que, na prática, os diários se transformam em semanários: enquanto 75% afirmaram nunca ler jornais, 6% declaram o hábito de leitura diária e 25% costumam ler jornal uma vez por semana. A primeira escolha dos leitores é por notícias locais (33% das citações), seguida por esportes (25%), notícias policiais (16%) e fofocas sobre novelas e celebridades (16%). Os títulos mais citados são os chamados populares e de baixo custo.
Interessante notar também que 19% dos entrevistados afirmam confiar sempre nas notícias de jornais impressos, enquanto 34% confiam “muitas vezes”, 39% confiam “poucas vezes” e 6% “nunca confiam”.
Dos três jornais considerados de circulação nacional, O Globo é lembrado por apenas 3,8% dos consultados, a Folha de S. Paulo é citada por 2,1% e O Estado de S. Paulo, por 1,3% dos entrevistados.
quarta-feira, 19 de março de 2014
ENCONTRO DOS SABERES
PENSAR, SENTIR E FAZER
Agente não quer só ciência e tecnologia, queremos espiritualidade!
Neste terceiro dia de Ciranda da Comunicação e Cultura Popular a Recid teve o prazer de receber o professor José Jorge de Carvalho, do departamento de antropologia da Universidade de Brasília, para nos contar sobre o projeto Encontro de Saberes. A grande roda de conversa trouxe a reflexão sobre o papel político e pedagógico das universidades na construção de um projeto popular para o Brasil. Segundo o professor “A intervenção estratégica é trazer os mestres das culturas populares para a instituição hegemônica universitária e influenciar a condução do poder, que é exercido na sua maioria por pessoas com o nível superior”
A experiência do Encontro de Saberes realizada na UNB é uma ferramenta de disseminar e valorizar o conhecimento popular e também complementar a luta pelas cotas universitárias. O professor lembra que a UNB é uma das pioneiras nesta luta, desde 1999 está envolvida nesta construção. E que os argumentos contrários justificam que a raiz do problema está no ensino básico, mas ele reforça que o sistema educacional possui problemas em todos os níveis e necessita de interferências efetivas imediatas. E que não basta só inserir na universidade e disseminar o conhecimento dominante e excludente, todos os saberes populares e tradicionais necessitam estar representados para os universitários. “O grande desafio esta na inclusão dos jovens e dos mestres e mestras da cultura popular para proporcionar o ensinamento para todos\as”.
O professor José Jorge afirma que existe uma discriminação dos saberes e a luta do Encontro dos Saberes é contra hegemônica, contra este racismo. Lembra que a capoeira está em 100 países do mundo e não estão na universidade, o afoxé, o maracatu, o jongo, entre outras expressões não estão nas escolas de música. Em 2010 o MinC já tentou levar este projeto do Encontro dos Saberes para o MEC, porém a lógica do ensino formal possui pouca conexão com a temática de processos alternativos a educação.
Uma matéria regular do encontro é denominada Arte e Ofício dos Saberes Populares por onde os mestres e mestras de diversas raças e etnias deste país proporcionaram aulas de saberes culturais, de saúde e meio ambiente como Congada, reflorestamento, permacultura, plantas medicinais, artesanato entre outros. O professor ressalta a importância da construção da ponte entre a educação popular e o conhecimento científico, devemos lutar pelo notório saber popular, que a universidade outorgue este título. Sabemos que para isto necessitará de muita articulação política interna e externa a universidade e efetivar alterações nos regimentos internos que possibilite os nossos mestres/as exerçam funções pedagógica e sejam reconhecidos na condição de docentes. E a grande questão é como eles serão reconhecidos e para isto o professor conta que está sendo realizada a Cartografia Nacional dos Mestres e Mestras, um mapeamento estratégico para visualização da dívida do país com estes saberes e para tentar evitar fraudes.
A universidade possui como tripé de atuação a realização e articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão e a proposta trazida é complementar e disseminar a Pedagogia do Pensar, Sentir e Fazer, necessitamos para além da ciência e da tecnologia a espiritualidade na formação de indivíduos e produção de conhecimento. Ele indica que dentro deste modelo de sociedade capitalista e genocida pode ser colocado como uma estratégia valorizar e disseminar os saberes, as ciências e tecnologias populares que estão em crise, fortalecer a autonomia e o enfrentamento das comunidades com relação à invasão e apropriação do capital a partir da resistência da cultural e econômica do povo. Foi levantado que mestres/as não necessariamente são os líderes das comunidades ou movimentos e que por isto é fundamental não perder de vista que os agentes comunitários, as lideranças estejam dialogando e fortalecendo as mestrias.
Por fim sabemos que o papel de extensão universitária chega até as comunidades, utiliza-as como objeto de pesquisa, produz conhecimento e proporciona os títulos acadêmicos que geram docentes e enriquecem os curriculos lattes. A proposta agora é também trazer os mestres destas comunidades para dentro da universidade, incluir o popular neste local de poder e tentar transformar as consciências desta realidade que cria raciocínios pragmáticos, desumanizados e voltados muito mais para o mercado do que para a realidade do povo brasileiro.
DANDARA
CIRANDA Março 2014
sexta-feira, 14 de março de 2014
IRMÃOS, IRMÃS OU MERCADORIA?
“Volta
para a selva, seu negro macaco, ladrão, safado, imundo. Temos que
matar todos, seus negros sujos. Márcio Chagas, tu é a escória do
mundo, seu lixo, mal intencionado.” Assim o juiz de futebol Márcio
Chagas da Silva foi ‘recepcionado’ num jogo de futebol em Bento
Gonçalves, Rio Grande do Sul. O jogador Arouca do Santos também
sofreu ofensas racistas em Mogi Mirim, São Paulo, assim como o
jogador Tinga, em jogo do Cruzeiro de Minas no Peru.
O
racismo no Brasil, explícito ou disfarçado, não é nenhuma
novidade. Assim como o preconceito. E muitas vezes se expressa em
horas de comoção, quando não se consegue reprimir os sentimentos,
ou em meio a multidões, onde os personagens se escondem no meio de
outras pessoas. A escravidão brasileira, a mais longa de todas as
escravidões, a que acabou mais tarde (pelo menos a formal e
pública), deixou marcas profundas, encravadas na sociedade, na
convivência diária, nas relações humanas e sociais. Como disse o
jogador Tinga: “Preconceito é coisa que vivo em todos os momentos.
É geral, e não é só o meu caso. Para quem nasce pobre, como eu, e
negro, o maior preconceito é o social. A minha esposa é branca e é
casada comigo há 18 anos. As pessoas olham para ela e olham para mim
de um jeito diferente. No Brasil, a gente fala de igualdade, mas
esconde o preconceito. A gente fica fingindo que todos são iguais.”
A
Campanha da Fraternidade/2014, promovida pela Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e igrejas cristãs na quaresma, tem muito
a ver com estas manifestações racistas e preconceituosas em
estádios e é absolutamente oportuna. Seu título é ‘Fraternidade
e Tráfico Humano’ e seu lema ‘É para a liberdade que Cristo nos
libertou’(Gl, 5,1).
E há
uma feliz coincidência. O filme vencedor do Oscar/2014 é ‘12 anos
de escravidão’, contando a história de Soloman Northup, um negro
livre sequestrado nos Estados Unidos em 1841. Vendido como escravo,
Soloman é obrigado a trabalhar durante 12 anos nas plantações do
Estado de Louisiana. Soloman não era escravo. Era homem livre como
os demais brancos. Sabia ler e escrever, coisa que muitos brancos na
época não sabiam. Não realizava trabalhos braçais como os
escravos, era músico profissional. Mesmo assim, foi raptado e
vendido como escravo, do mesmo jeito que os demais africanos que
vinham para os EUA como escravos.
O
texto-base da Campanha da Fraternidade diz: “A sociedade
escravocrata legou ao Brasil, pós Lei Áurea, uma estrutura que
relega grande parte da população ao sofrimento da marginalização.
(...) O combate a preconceitos e à discriminação nas mais variadas
esferas deve integrar as ações de enfrentamento ao tráfico humano,
pois eles dificultam o empenho de maior número de pessoas e
organizações na superação desse crime.”
O
tráfico humano, em 2014, pleno século XXI, não é um problema
menor. Para o papa Francisco, o tráfico de pessoas é uma atividade
ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem
civilizadas. Ele aparece e acontece através da exploração no
trabalho – trabalhadores bolivianos e peruanos -, no tráfico para
a exploração sexual – não só mulheres, também homens -, para a
extração de órgãos, tráfico de crianças e adolescentes –
roubo e venda de crianças para serem adotadas. Segundo disse D.
Leonardo Steiner, Secretário Geral da CNBB, no lançamento da
Campanha, estima-se que o tráfico humano envolva R$ 65 bilhões por
ano.
Racismo, preconceitos, assim como o tráfico humano, não são,
portanto, coisas do passado ou resíduos de uma sociedade colonial.
Lúcio Centeno, do Levante Popular da Juventude e da Rede de Educação
Cidadã, escreve em ‘Acordando no Alabama dos anos 50’: “Na
sociedade brasileira recorrentemente emergem fatos que questionam a
existência de uma igualdade jurídica entre brancos e negros, para
não falar em uma igualdade ontológica (entre ‘humanos’ e
‘subhumanos – ou macacos, grifo meu, como gritam e cantam
torcedores nos estádios). As reiteradas denúncias de existência de
trabalhadores vivendo ainda em situação análoga à escravidão são
o exemplo mais óbvio dessa diferenciação. O caso do
desaparecimento do pedreiro Amarildo no Rio de Janeiro tornou-se
símbolo de uma prática policial bastante difundida nas periferias
brasileiras, o tribunal de rua. Nestes 126 anos de abolição da
escravidão, o processo de estratificação social se complexificou
cada vez mais. O desenvolvimento capitalista em nosso país não
suplantou uma estrutura social racializada. Pelo contrário,
acoplou-se nela para enrijecer-se.”
O
jogador Arouca disse belas palavras: “Tenho muito orgulho da minha
origem africana, que o sujeito tentou usar para me ofender, dizendo
que devo procurar alguma seleção da África, dando a entender que
um negro não serve para defender o Brasil. Como se algumas das
páginas mais bonitas da nossa seleção não tivessem sido escritas
por negros como Leônidas, Pelé e Romário.”
Em tempos de Copa do Mundo, a Campanha da Fraternidade nos chama a
atenção que o ser humano é destinado à liberdade. Não é
mercadoria. É irmã. É irmão.
Selvino Heck
Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Em catorze de março de dois mil e catorze
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Por que o apoio dos EUA à mudança de regime na Venezuela é um erro
POR MARK WEISBROT
Quando é considerado legítimo tentar derrubar um governo democraticamente eleito? Em Washington, a resposta sempre foi simples: quando o governo dos EUA diz que é. Não por acaso, esta não é a forma como os governos latino-americanos, em geral, encaram a questão.
No domingo, os governos do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) divulgaram um comunicado sobre as manifestações da semana passada na Venezuela. Descreveram “os recentes atos de violência” na Venezuela como “tentativas de desestabilização da ordem democrática”. Eles deixaram bem claro de que lado estavam.
Declararam “seu firme compromisso com a plena vigência das instituições democráticas e, neste contexto, rejeitam as ações criminosas de grupos violentos que querem espalhar a intolerância e o ódio na República Bolivariana da Venezuela como uma ferramenta política”.
Podemos lembrar que quando manifestações muito maiores balançaram o Brasil no ano passado não houve declarações do Mercosul ou de governos vizinhos. Isso não é porque ninguém ama a presidente Dilma Rousseff, mas porque esses protestos não procuravam derrubar o governo democraticamente eleito do Brasil.
A administração Obama foi um pouco mais sutil, mas também deixou claro de que lado estava. Quando o secretário de Estado John Kerry afirma que “estamos particularmente alarmados com relatos de que o governo venezuelano mantém detidos dezenas de manifestantes antigoverno”, ele está tomando uma posição política. Na verdade, houve muitos manifestantes que cometeram crimes: atacaram e feriram policiais com pedaços de concreto e coquetéis molotov, queimaram carros, destruíram e às vezes incendiaram prédios do governo, entre outros atos de violência e vandalismo.
Um porta-voz anônimo do Departamento de Estado foi ainda mais claro na semana passada, quando expressou preocupação com o “enfraquecimento das instituições democráticas na Venezuela” e disse que havia a obrigação das “instituições governamentais responderem eficazmente à necessidades econômicas e sociais legítimas de seus cidadãos”. Ele uniu esforços com a oposição para deslegitimar o governo, uma parte vital de qualquer estratégia de “mudança de regime”.
Claro que todos nós sabemos quem o governo dos EUA apoia na Venezuela. Eles realmente não tentam esconder: há US$ 5 milhões no orçamento federal americano de 2014 para financiar as atividades da oposição dentro do país e isso é quase certamente a ponta do iceberg – somando-se as centenas de milhões de dólares de apoio explícito nos últimos 15 anos.
Mas o que torna importantes essas declarações atuais dos americanos e irrita os governos da região é que eles estão dizendo à oposição venezuelana que Washington está mais uma vez apoiando a mudança de regime. Kerry fez a mesma coisa em abril do ano passado, quando Maduro foi eleito presidente e o candidato da oposição Henrique Capriles afirmou que a eleição foi roubada. Kerry recusou-se a reconhecer os resultados das eleições. A postura antidemocrática agressiva de Kerry causou uma forte reação dos governos sul-americanos e ele foi forçado a mudar de curso e tacitamente reconhecer o governo Maduro. (Para quem não acompanhou esses eventos, não havia nenhuma dúvida sobre o resultado das eleições.)
O reconhecimento de Kerry dos resultados colocou um fim à tentativa da oposição de deslegitimar o governo eleito. Depois que o partido de Maduro venceu as eleições municipais por uma larga margem em dezembro, a oposição estava derrotada. A inflação estava em 56% e houve escassez generalizada de bens de consumo, mas uma sólida maioria ainda tinha votado no governo. Sua escolha não poderia ser atribuída ao carisma pessoal de Hugo Chávez, morto há quase um ano, e nem era irracional. Embora o ano passado tenha sido duro, os últimos 11 anos – desde que o governo passou a ter o controle sobre a indústria do petróleo – têm trazido ganhos nos padrões de vida para a maioria dos venezuelanos que eram previamente marginalizados e excluídos.
Havia muitas reclamações sobre o governo e a economia, mas os ricos e os políticos de direita da oposição não refletem os valores do povo e nem inspiram confiança.
O líder da oposição Leopoldo López tem retratado as manifestações atuais como algo que poderia forçar Maduro a sair do cargo. Era óbvio que não havia, e ainda não há, possibilidade de isso acontecer de forma pacífica. Como o professor da Universidade da Georgia David Smilde argumentou, o governo tem tudo a perder com a violência nas manifestações e a oposição tem algo a ganhar.
No fim de semana passado, Capriles, que estava inicialmente desconfiado de uma estratégia potencialmente violenta para a “mudança de regime”, mudou de ideia. De acordo com a Bloomberg News, ele acusou o governo de “infiltração nos protestos pacíficos para convertê-los em atos de violência e repressão”.
Levou muito tempo para que a oposição aceitasse os resultados das eleições democráticas na Venezuela. Eles tentaram um golpe militar, apoiado pelos EUA em 2002; quando isso fracassou, tentaram derrubar o governo com uma greve do petróleo. Eles perderam uma tentativa de reclamar a presidência em 2004 e protestaram; em seguida, boicotaram as eleições para a Assembleia Nacional, sem motivo, no ano seguinte.
A fracassada tentativa de deslegitimar a eleição presidencial em abril de 2013 foi um retorno a um passado escuro, mas não tão distante. Continua uma incógnita quão longe eles irão para ganhar por outros meios, já que não têm vencido nas urnas, e por quanto tempo terão o apoio de Washington para a mudança de regime na Venezuela.
Publicado em diariodocentrodomundo.com.br/
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Encontro de Planejamento da RECID-GO
Aos movimentos populares que tecem a Rede de Educação Cidadã em Goiás.
Camaradas,
Nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2014, realizaremos o Encontro de Planejamento da RECID-GO, no Centro Cultural Cara Vídeo, com o objetivo de avaliarmos o ano de 2013, levantarmos os desafios atuais e traçarmos as perspectivas para 2014.
É de extrema importância a participação efetiva das organizações populares que tecem esta rede em Goiás, dado que nossas opções políticas passam pela construção coletiva dos processos de formação e dos espaços dessa articulação.
No ano de 2013 realizamos um processo de formação em torno da educação popular, da luta de classes e da reforma política a partir do projeto popular de Brasil. Precisamos dar continuidade à luta contra as violações de direitos humanos.
Vamos juntos avaliar todo o processo político, pedagógico, organizativo e de sustentabilidade da RECID-GO, com vista nas ações de fortalecimento dos movimentos em 2014.
Pedimos a todos que confirmem recebimento desta carta e a presença no Encontro de Planejamento pelo e-mail talhergoias10@gmail.com ou pelo telefone (62) 3203-5222.
Resumo:
Encontro de Planejamento RECID – 2014
Data: 22 e 23 de fevereiro, a partir de 8 horas
Local: Centro Cultural Cara Vídeo (Rua 83, nº 361, Setor Sul, Goiânia – GO)
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
MACHISMO - Não minimize uma dor que você não conhece
"Sou homem.
Quando nasci, meu avô parabenizou meu pai por ter tido um filho homem. E agradeceu à minha mãe por ter dado ao meu pai um filho homem. Recebi o nome do meu avô.
Quando eu era criança, eu podia brincar de LEGO, porque "Lego é coisa de menino", e isso fez com que minha criatividade e capacidade de resolver problemas fossem estimuladas.
Ganhei lava-jatos e postos de gasolina montáveis da HotWheels. Também ganhei uma caixa de ferramentas de plástico, para montar e desmontar carrinhos e caminhões. Isso também estimulava minha criatividade e desenvolvia meu raciocínio, o que é bom para toda criança.
Na minha época de escola, as meninas usavam saias e meus amigos levantavam suas saias. Dava uma confusão! E então elas foram proibidas de usar saias. Mas eu nunca vi nenhum menino sendo realmente punido por fazer isso, afinal de contas "Homem é assim mesmo! Puxou o pai esse danadinho" - era o que eu ouvia.
Em casa, com meus primos, eu gostava de brincar de casinha com uma priminha. Nós tínhamos por volta de 8 anos. Eu era o papai, ela era a mamãe e as bonecas eram nossas filhinhas. Na brincadeira, quando eu carregava a boneca no colo, minha mãe não deixava: "Larga a boneca, Juninho, é coisa de menina". E o pai da minha priminha, quando via que estávamos brincando juntos, de casinha, não deixava. Dizia que menino tem que brincar com menino e menina com menina, porque "menino é muito estúpido e, principalmente, pra frente". Eu não me achava estúpido e também não entendia o que ele queria dizer com "pra frente", mas obedecia.
No natal, minha irmã ganhou uma Barbie e eu uma beyblade. Ela chorou um pouco porque o meu brinquedo era muito mais legal que o dela, mas mamãe todo ano repetia a gafe e comprava para ela uma boneca, um fogãozinho, uma geladeira cor-de-rosa, uma batedeira, um ferro de passar.
Quando fiz 15 anos e comecei a namorar, meu pai me comprou algumas camisinhas.
Na adolescência, ninguém me criticava quando eu ficava com várias meninas.
Atualmente continua assim.
Meu pai não briga comigo quando passo a noite fora. Não fica dizendo que tenho que ser um "rapaz de família". Ele nunca me deu um tapa na cara desconfiado de que passei a noite em um motel.
Ninguém fica me dando sermão dizendo que eu tenho que ser reservado e me fazer de difícil.
Ninguém me julga mal quando quero ficar com uma mulher e tomo a iniciativa.
Ninguém fica regulando minhas roupas, dizendo que eu tenho que me cuidar.
Ninguém fica repetindo que eu tenho que me cuidar porque "mulher só pensa em sexo".
Ninguém acha que minhas namoradas só estavam comigo para conseguir sexo.
Ninguém pensa que, ao transar, estou me submetendo à vontade da minha parceira.
Ninguém demoniza meus orgasmos.
Nunca fui julgado por carregar camisinha na mochila e na carteira.
Nunca tive que esconder minhas camisinhas dos meus pais.
Nunca me disseram para me casar virgem por ser homem.
Nunca ficaram repetindo para mim que "Homem tem que se valorizar" ou "se dar ao respeito". Aparentemente, meu sexo já faz com que eu tenha respeito.
Quando saio na rua ninguém me chama de "delícia".
Nenhuma desconhecida enche a boca e me chama de “gostoso” de forma agressiva.
Eu posso andar na rua tomando um sorvete tranquilamente, porque sei que não vou ouvir nada como “Larga esse sorvete e vem me chupar”. Eu posso até andar na rua comendo uma banana.
Nunca tive que atravessar a rua, mesmo que lá estivesse batendo um sol infernal, para desviar de um grupo de mulheres num bar, que provavelmente vão me cantar quando eu passar, me deixando envergonhado.
Nunca tive que fazer caminhada de moletom porque meu short deixa minhas pernas de fora e isso pode ser perigoso.
Nunca ouvi alguém me chamando de “Desavergonhado” porque saí sem camisa.
Ninguém tenta regular minhas roupas de malhar.
Ninguém tenta regular minhas roupas.
Eu nunca fui seguido por uma mulher em um carro enquanto voltava para casa a pé.
Eu posso pegar o metrô lotado todos os dias com a certeza que nenhuma mulher vai ficar se esfregando em mim, para filmar e lançar depois em algum site de putaria.
Nunca precisaram criar vagões exclusivamente para homens em nenhuma cidade que conheço.
Nunca ouvi falar que alguém do meu sexo foi estuprado por uma multidão.
Eu posso pegar ônibus sozinho de madrugada.
Quando não estou carregando nada de valor, não continuo com medo pelo risco ser estuprado a qualquer momento, em qualquer esquina. Esse risco não existe na cabeça das pessoas do meu sexo.
Quando saio à noite, posso usar a roupa que quiser.
Se eu sofrer algum tipo de violência, ninguém me culpa porque eu estava bêbado ou por causa das minhas roupas.
Se, algum dia, eu fosse estuprado, ninguém iria dizer que a culpa era minha, que eu estava em um lugar inadequado, que eu estava com a roupa indecente. Ninguém tentaria justificar o ato do estuprador com base no meu comportamento. Eu serei tratado como VÍTIMA e só.
Ninguém me acha vulgar quando faz frio e meu “farol” fica “aceso”.
Quando transo com uma mulher logo no primeiro encontro sou praticamente aplaudido de pé. Ninguém me chama de “vagabundo”, “fácil”, “puto” ou “vadio” por fazer sexo casual às vezes.
99% dos sites de pornografia são feitos para agradar a mim e aos homens em geral.
Ninguém fica chocado quando eu digo que assisto pornôs.
Ninguém nunca vai me julgar se eu disser que adoro sexo.
Ninguém nunca vai me julgar se me ver lendo literatura erótica.
Ninguém fica chocado se eu disser que me masturbo.
Nenhuma sogra vai dizer para a filha não se casar comigo porque não sou virgem.
Ninguém me critica por investir na minha vida profissional.
Quando ocupo o mesmo cargo que uma mulher em uma empresa, meu salário nunca é menor que o dela.
Se sou promovido, ninguém faz fofoca dizendo que dormi com minha chefe. As pessoas acreditam no meu mérito.
Se tenho que viajar a trabalho e deixar meus filhos apenas com a mãe por alguns dias, ninguém me chama de irresponsável.
Ninguém acha anormal se, aos 30 anos, eu ainda não tiver filhos.
Ninguém palpita sobre minha orientação sexual por causa do tamanho do meu cabelo.
Quando meus cabelos começarem a ficar grisalhos, vão achar sexy e ninguém vai me chamar de desleixado.
A sociedade não encara minha virgindade como um troféu.
90% das vagas do serviço militar são destinadas às pessoas do meu sexo. Mesmo quando se trata de cargos de alto escalão, em que o oficial só mexe com papelada e gerência.
Se eu sair com uma determinada roupa ninguém vai dizer “Esse aí tá pedindo”.
Se eu estiver em um baile funk e uma mulher fizer sexo oral em mim, não sou eu quem sou ofendido. Ninguém me chama de "vagabundo" e nem diz "depois fica postando frases de amor no Facebook".
Se vazar um vídeo em que eu esteja transando com uma mulher em público, ninguém vai me xingar, criticar, apedrejar. Não serei o piranha, o vadio, o sem valor, o vagabundo, o cachorro. Estarei apenas sendo homem. Cumprindo meu papel de macho alpha perante a sociedade.
Se eu levar uma vida putona, mas depois me apaixonar por uma mulher só, as pessoas acham lindo. Ninguém me julga pelo meu passado.
Ninguém diz que é falta de higiene se eu não me depilar.
Ninguém me julgaria por ser pai solteiro. Pelo contrário, eu seria visto como um herói.
Nunca serei proibido de ocupar um cargo alto na Igreja Católica por ser homem.
Nunca apanhei por ser homem.
Nunca fui obrigado a cuidar das tarefas da casa por ser homem.
Nunca me obrigaram a aprender a cozinhar por ser homem.
Ninguém diz que meu lugar é na cozinha por ser homem.
Ninguém diz que não posso falar palavrão por ser homem.
Ninguém diz que não posso beber por ser homem.
Ninguém olha feio para o meu prato se eu colocar muita comida.
Ninguém justifica meu mau humor falando dos meus hormônios.
Nunca fizeram piadas que subjugam minha inteligência por ser homem.
Quando cometo alguma gafe no trânsito ninguém diz “Tinha que ser homem mesmo!”
Quando sou simpático com uma mulher, ela não deduz que “estou dando mole”.
Se eu fizer uma tatuagem, ninguém vai dizer que sou um “puto”.
Ninguém acha que meu corpo serve exclusivamente para dar prazer ao sexo oposto.
Ninguém acha que terei de ser submisso a uma futura esposa.
Nunca fui julgado por beber cerveja em uma roda onde eu era o único homem.
Nunca me encaixo como público-alvo nas propagandas de produtos de limpeza.
Sempre me encaixo como público-alvo nas propagandas de cerveja.
Nunca me perguntaram se minha namorada me deixa cortar o cabelo. Eu corto quando quero e as pessoas entendem isso.
Não há um trote na USP que promove minha humilhação e objetificação.
A sociedade não separa as pessoas do meu sexo em “para casar” e “para putaria”.
Quando eu digo “Não” ninguém acha que estou fazendo charme. Não é não.
Não preciso regrar minhas roupas para evitar que uma mulher peque ou caia em tentação.
As pessoas do meu sexo não foram estupradas a cada 40 minutos em SP no ano passado.
As pessoas do meu sexo não são estupradas a cada 12 segundos no Brasil.
As pessoas do meu sexo não são estupradas por uma multidão nas manifestações do Egito.
Não sou homem. Mas, se você é, é fundamental admitir que a sociedade INTEIRA precisa do Feminismo.
Não minimize uma dor que você não conhece."
(Camila Oliveira Dias )
Quando nasci, meu avô parabenizou meu pai por ter tido um filho homem. E agradeceu à minha mãe por ter dado ao meu pai um filho homem. Recebi o nome do meu avô.
Quando eu era criança, eu podia brincar de LEGO, porque "Lego é coisa de menino", e isso fez com que minha criatividade e capacidade de resolver problemas fossem estimuladas.
Ganhei lava-jatos e postos de gasolina montáveis da HotWheels. Também ganhei uma caixa de ferramentas de plástico, para montar e desmontar carrinhos e caminhões. Isso também estimulava minha criatividade e desenvolvia meu raciocínio, o que é bom para toda criança.
Na minha época de escola, as meninas usavam saias e meus amigos levantavam suas saias. Dava uma confusão! E então elas foram proibidas de usar saias. Mas eu nunca vi nenhum menino sendo realmente punido por fazer isso, afinal de contas "Homem é assim mesmo! Puxou o pai esse danadinho" - era o que eu ouvia.
Em casa, com meus primos, eu gostava de brincar de casinha com uma priminha. Nós tínhamos por volta de 8 anos. Eu era o papai, ela era a mamãe e as bonecas eram nossas filhinhas. Na brincadeira, quando eu carregava a boneca no colo, minha mãe não deixava: "Larga a boneca, Juninho, é coisa de menina". E o pai da minha priminha, quando via que estávamos brincando juntos, de casinha, não deixava. Dizia que menino tem que brincar com menino e menina com menina, porque "menino é muito estúpido e, principalmente, pra frente". Eu não me achava estúpido e também não entendia o que ele queria dizer com "pra frente", mas obedecia.
No natal, minha irmã ganhou uma Barbie e eu uma beyblade. Ela chorou um pouco porque o meu brinquedo era muito mais legal que o dela, mas mamãe todo ano repetia a gafe e comprava para ela uma boneca, um fogãozinho, uma geladeira cor-de-rosa, uma batedeira, um ferro de passar.
Quando fiz 15 anos e comecei a namorar, meu pai me comprou algumas camisinhas.
Na adolescência, ninguém me criticava quando eu ficava com várias meninas.
Atualmente continua assim.
Meu pai não briga comigo quando passo a noite fora. Não fica dizendo que tenho que ser um "rapaz de família". Ele nunca me deu um tapa na cara desconfiado de que passei a noite em um motel.
Ninguém fica me dando sermão dizendo que eu tenho que ser reservado e me fazer de difícil.
Ninguém me julga mal quando quero ficar com uma mulher e tomo a iniciativa.
Ninguém fica regulando minhas roupas, dizendo que eu tenho que me cuidar.
Ninguém fica repetindo que eu tenho que me cuidar porque "mulher só pensa em sexo".
Ninguém acha que minhas namoradas só estavam comigo para conseguir sexo.
Ninguém pensa que, ao transar, estou me submetendo à vontade da minha parceira.
Ninguém demoniza meus orgasmos.
Nunca fui julgado por carregar camisinha na mochila e na carteira.
Nunca tive que esconder minhas camisinhas dos meus pais.
Nunca me disseram para me casar virgem por ser homem.
Nunca ficaram repetindo para mim que "Homem tem que se valorizar" ou "se dar ao respeito". Aparentemente, meu sexo já faz com que eu tenha respeito.
Quando saio na rua ninguém me chama de "delícia".
Nenhuma desconhecida enche a boca e me chama de “gostoso” de forma agressiva.
Eu posso andar na rua tomando um sorvete tranquilamente, porque sei que não vou ouvir nada como “Larga esse sorvete e vem me chupar”. Eu posso até andar na rua comendo uma banana.
Nunca tive que atravessar a rua, mesmo que lá estivesse batendo um sol infernal, para desviar de um grupo de mulheres num bar, que provavelmente vão me cantar quando eu passar, me deixando envergonhado.
Nunca tive que fazer caminhada de moletom porque meu short deixa minhas pernas de fora e isso pode ser perigoso.
Nunca ouvi alguém me chamando de “Desavergonhado” porque saí sem camisa.
Ninguém tenta regular minhas roupas de malhar.
Ninguém tenta regular minhas roupas.
Eu nunca fui seguido por uma mulher em um carro enquanto voltava para casa a pé.
Eu posso pegar o metrô lotado todos os dias com a certeza que nenhuma mulher vai ficar se esfregando em mim, para filmar e lançar depois em algum site de putaria.
Nunca precisaram criar vagões exclusivamente para homens em nenhuma cidade que conheço.
Nunca ouvi falar que alguém do meu sexo foi estuprado por uma multidão.
Eu posso pegar ônibus sozinho de madrugada.
Quando não estou carregando nada de valor, não continuo com medo pelo risco ser estuprado a qualquer momento, em qualquer esquina. Esse risco não existe na cabeça das pessoas do meu sexo.
Quando saio à noite, posso usar a roupa que quiser.
Se eu sofrer algum tipo de violência, ninguém me culpa porque eu estava bêbado ou por causa das minhas roupas.
Se, algum dia, eu fosse estuprado, ninguém iria dizer que a culpa era minha, que eu estava em um lugar inadequado, que eu estava com a roupa indecente. Ninguém tentaria justificar o ato do estuprador com base no meu comportamento. Eu serei tratado como VÍTIMA e só.
Ninguém me acha vulgar quando faz frio e meu “farol” fica “aceso”.
Quando transo com uma mulher logo no primeiro encontro sou praticamente aplaudido de pé. Ninguém me chama de “vagabundo”, “fácil”, “puto” ou “vadio” por fazer sexo casual às vezes.
99% dos sites de pornografia são feitos para agradar a mim e aos homens em geral.
Ninguém fica chocado quando eu digo que assisto pornôs.
Ninguém nunca vai me julgar se eu disser que adoro sexo.
Ninguém nunca vai me julgar se me ver lendo literatura erótica.
Ninguém fica chocado se eu disser que me masturbo.
Nenhuma sogra vai dizer para a filha não se casar comigo porque não sou virgem.
Ninguém me critica por investir na minha vida profissional.
Quando ocupo o mesmo cargo que uma mulher em uma empresa, meu salário nunca é menor que o dela.
Se sou promovido, ninguém faz fofoca dizendo que dormi com minha chefe. As pessoas acreditam no meu mérito.
Se tenho que viajar a trabalho e deixar meus filhos apenas com a mãe por alguns dias, ninguém me chama de irresponsável.
Ninguém acha anormal se, aos 30 anos, eu ainda não tiver filhos.
Ninguém palpita sobre minha orientação sexual por causa do tamanho do meu cabelo.
Quando meus cabelos começarem a ficar grisalhos, vão achar sexy e ninguém vai me chamar de desleixado.
A sociedade não encara minha virgindade como um troféu.
90% das vagas do serviço militar são destinadas às pessoas do meu sexo. Mesmo quando se trata de cargos de alto escalão, em que o oficial só mexe com papelada e gerência.
Se eu sair com uma determinada roupa ninguém vai dizer “Esse aí tá pedindo”.
Se eu estiver em um baile funk e uma mulher fizer sexo oral em mim, não sou eu quem sou ofendido. Ninguém me chama de "vagabundo" e nem diz "depois fica postando frases de amor no Facebook".
Se vazar um vídeo em que eu esteja transando com uma mulher em público, ninguém vai me xingar, criticar, apedrejar. Não serei o piranha, o vadio, o sem valor, o vagabundo, o cachorro. Estarei apenas sendo homem. Cumprindo meu papel de macho alpha perante a sociedade.
Se eu levar uma vida putona, mas depois me apaixonar por uma mulher só, as pessoas acham lindo. Ninguém me julga pelo meu passado.
Ninguém diz que é falta de higiene se eu não me depilar.
Ninguém me julgaria por ser pai solteiro. Pelo contrário, eu seria visto como um herói.
Nunca serei proibido de ocupar um cargo alto na Igreja Católica por ser homem.
Nunca apanhei por ser homem.
Nunca fui obrigado a cuidar das tarefas da casa por ser homem.
Nunca me obrigaram a aprender a cozinhar por ser homem.
Ninguém diz que meu lugar é na cozinha por ser homem.
Ninguém diz que não posso falar palavrão por ser homem.
Ninguém diz que não posso beber por ser homem.
Ninguém olha feio para o meu prato se eu colocar muita comida.
Ninguém justifica meu mau humor falando dos meus hormônios.
Nunca fizeram piadas que subjugam minha inteligência por ser homem.
Quando cometo alguma gafe no trânsito ninguém diz “Tinha que ser homem mesmo!”
Quando sou simpático com uma mulher, ela não deduz que “estou dando mole”.
Se eu fizer uma tatuagem, ninguém vai dizer que sou um “puto”.
Ninguém acha que meu corpo serve exclusivamente para dar prazer ao sexo oposto.
Ninguém acha que terei de ser submisso a uma futura esposa.
Nunca fui julgado por beber cerveja em uma roda onde eu era o único homem.
Nunca me encaixo como público-alvo nas propagandas de produtos de limpeza.
Sempre me encaixo como público-alvo nas propagandas de cerveja.
Nunca me perguntaram se minha namorada me deixa cortar o cabelo. Eu corto quando quero e as pessoas entendem isso.
Não há um trote na USP que promove minha humilhação e objetificação.
A sociedade não separa as pessoas do meu sexo em “para casar” e “para putaria”.
Quando eu digo “Não” ninguém acha que estou fazendo charme. Não é não.
Não preciso regrar minhas roupas para evitar que uma mulher peque ou caia em tentação.
As pessoas do meu sexo não foram estupradas a cada 40 minutos em SP no ano passado.
As pessoas do meu sexo não são estupradas a cada 12 segundos no Brasil.
As pessoas do meu sexo não são estupradas por uma multidão nas manifestações do Egito.
Não sou homem. Mas, se você é, é fundamental admitir que a sociedade INTEIRA precisa do Feminismo.
Não minimize uma dor que você não conhece."
(Camila Oliveira Dias )
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
ENCONTRO DE PLANEJAMENTO 2014
ENCONTRO DE PLANEJAMENTO 2014
CARTA CIRCULAR 01/2014
Aos movimentos populares, pastorais sociais e organizações populares que constroem a Rede de Educação Cidadã em Goiás.
Camaradas,
As opções políticas da Recid-GO passam pela
construção coletiva dos processos de formação e dos espaços dessa articulação
reuniões ampliadas - espaço permanente de avaliação e planejamento coletivos
com a participação de 02 pessoas de cada organização popular que compõe a Recid
no Estado de Goiás e o Encontro de planejamento - espaço de avaliação dos processos
políticos pedagógicos e a partir dos desafios levantados com o coletivo
estadual, pensa ações na perspectiva de superação dos desafios da conjuntura
atual.
Em 2013 realizamos um belo processo de
formação com as organizações e movimento que compõe a rede em Goiás, foi uma
construção de vários atores, sonhos e utopias que saíram desse espaço de
planejamento para superar uma conjuntura de muito descaso na educação, saúde, segurança
publica, transporte, enfim, casos de violações de direitos humanos que já
conhecemos e reconhecemos que foi o ano de 2013 em Goiás, uma realidade cruel
com o empobrecido que vivem a margem da sociedade brasileira
No
sentido de dar continuidade a luta
contra as violações de direitos humanos
e entendendo que é preciso dar continuidade ao entendimento de luta de
classe e nos articular enquanto classe trabalhadora que a rede de Educação
Cidadã de Goiás, quer juntamente com os movimento Populares, Pastorais Sócias e
Organizações Populares de Goiás construir coletivamente em 2014 espaços de
formação permanente para superação das desigualdade desse país.
O convite é para participar
do Encontro de Planejamento 2014, nos dias
22 e 23 de fevereiro, com inicio as 8h do dia 22 e termino as 13h do dia
23 no Centro Cultural Cara Vídeo (rua 83 nº 361 st. Sul – Goiânia-GO), onde olharemos para todo o processo político, pedagógico, organizativo e de
sustentabilidade que realizamos durante o ano bem como para o nosso
planejamento 2013 e avaliarmos se de fato conseguimos realizá-lo. Diante disso,
possamos juntos e juntas Planejar
Ações para fortalecer os
movimento na luta de classe em 2014. Sua
participação é de suma importância nessa construção coletiva.
Aguardamos a sua confirmação pelo fone –
32035222 ou por e-mail –talhergoias10@gmail.com
Goiânia, 21e janeiro de
2014
Atenciosamente,
Rede de
Educação Cidadã de Goiás
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
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