quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Solidariedade aos companheiros do MST presos em Acreúna - Goiás sob falsa acusação de crime ambiental


* Por Pedro Ferreira

Mais uma vez vemos o exemplo de como o Estado é tão rápido no processo de criminalização dos lutadores e movimentos sociais, mas quando a questão é a execução de políticas públicas que atendam a necessidade da população explorada não vemos essa presença.

Na ultima terça-feira (01/11/11), 7 trabalhadores Sem Terra do MST foram presos em Acreúna – Goiás, acusados de terem cometido crime ambiental em uma ocupação de uma fazenda do Banco do Brasil que estava em processo de leilão.

Por varias vezes a ação dos Sem Terra impediu que a fazenda fosse rematada por latifundiários da região, em processos com indícios de fraudes e favorecimento de pessoas influentes. Os trabalhadores Sem Terra reivindicam que a área seja negociada entre o INCRA de Goiás e o Banco do Brasil no sentido de destinar a área para o assentamento das famílias que estão acampadas há vários anos na região.

Infelizmente devido à lentidão do processo de reforma agrária em Goiás e em todo o Brasil, exemplo disso é que neste ano ainda não foi criado nenhum projeto novo de assentamento. Não resta aos movimentos sociais outra alternativa se não pressionar o governo para que a reforma agrária saia do papel, e a ocupação de áreas improdutivas é ainda uma das principais armas dos movimentos sociais.

Mesmo com as famílias desocupando a área respeitando a ordem da justiça local de reintegração de posse, a burguesia latifundiária da região não se deu por contente, articulando em seguida a prisão de sete companheiros acusando-os de crime ambiental, entre eles, esta um companheiro da direção estadual do movimento e educador popular da RECID-GO.

O grande crime ambiental que cometeram foi derrubar pequenas arvores para fazer os barracos e se protegerem da chuva, contaminação da água, pois a utilizaram para tomar banho e beber, como também por terem achado um casco de Tatu (Animal típico do cerrado) que supostamente teria sido morto pelos Sem Terra, mais que não há provas.

Em um Estado onde o agronegócio desmata extensas áreas de proteção ambiental para produzir, contaminando o solo com agrotóxico, onde barragens são construídas impedindo o curso natural dos rios com o único objetivo de gerar energia para o aumento da produção. Não vemos nenhuma ação do Estado no sentido de impedir esses crimes contra o meio ambiente. Em um país onde vemos uma proposta vergonhosa de alteração do código florestal e a construção da Usina de Belo Monte. Questionamos: Quem cometeu e está cometendo crime ambiental?

Sabemos muito bem qual o crime que estes trabalhadores Sem Terra cometeram. Que foi desafiar uma elite latifundiária que esta incrustada nos poderes do Estado de Goiás e que atua no sentido de manter os grandes latifúndios do Estado na mão do agronegócio exportador e das transnacionais que invadiram o campo.

Não é de hoje que o Estado de Goiás tem usado da questão ambiental para criminalizar lideranças dos movimentos que lutam pela reforma agrária no Estado, como também temos consciência de quem verdadeiramente tem agredido e devastado o meio ambiente, e podemos afirmar que não é a agricultura familiar e camponesa que não chega a ocupar nem 10% das áreas agricultáveis do estado. Muito menos as centenas de famílias que resistem bravamente acampadas nas margens das rodovias lutando para conquistar seu pedacinho de chão para produzir.

A prisão injusta desses sete companheiros tem um claro objetivo, intimidar a ação do movimento na região, sobretudo criminalizando suas principais lideranças, sendo que a justiça que é tão lenta para atender os direitos dos trabalhadores já esta ameaçando encaminhar os companheiros para um presídio.

Neste sentido solicitamos a todas as organizações de luta da classe trabalhadora a fazerem moções de repudio contra essa ação absurda da justiça da comarca de Acreúna e autoridades locais, como também se solidarizar prontamente a luta dos companheiros, de suas famílias e ao MST. Juntemos nossas vozes e gritemos lutar não é crime! Gritemos também – Liberdade já para os sete companheiros do MST presos injustamente.


“Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Quem reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.
E o “hoje” nascerá do “jamais”. (Bertolt Brecht)

*Pedro Ferreira (Educador Popular da RECID-GO/ Estudante de Serviço Social - EAD/ Bloco de Resistência Socialista)


ACESSE: recid-go.blogspot.com

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