quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Educação Popular construindo novos caminhos: Reflexões sobre a Educação de Jovens e Adultos na unidade prisional de Campos Belos!

*Por Josivaldo Moreira e Pedro Ferreira
Com muito esforço e dedicação, bem como contrariando a vontade de boa parte da sociedade temos acompanhado em Campos Belos a educação de jovens e adultos que se encontram detidos no presidio da cidade. Sabemos que não é um trabalho fácil, sobretudo por que predomina uma consciência conservadora na sociedade de que quem já foi preso, não importa o crime que cometeu não merecem uma segunda chance.
Partindo do relato da experiência de educadores, educandos bem como de demais pessoas envolvidas com o projeto podemos afirmar que o resultado tem sido bastante positivo. Não só por garantir o direito de todos, acesso a educação, mas, sobretudo por dar a oportunidade desses seres humanos construírem uma nova história.
Os educandos com muita disciplina e respeito aos educadores têm conseguido desenvolver o aprendizado bem rapidamente, sobretudo em relação a aprender ler e escrever, bem como também melhora o seu comportamento na unidade prisional com vista a sua reinserção na sociedade. Aquele que consegue a liberdade à primeira coisa que tem feito é continuar os estudos na escola regular.
Só quem já esteve em uma prisão mesmo que só visitando pode imaginar minimamente a condição de vida daqueles que ali vivem. E o que temos percebido é que a sala de aula tem sido um espaço de construção de sonhos e esperança de uma nova vida daqueles que ali foram condenados a viver.
Os desafios da educação de jovens e adultos seja em que espaço for não é fácil, falta recursos, material pedagógico, profissionais preparados para atuar nessa modalidade de ensino, burocracia bem como a falta de prioridade por parte dos gestores públicos. No espaço prisional essas dificuldades triplicam.
Mas o grande desafio é superar a consciência conservadora de que aqueles sujeitos que estão presos não devem ter direitos, que lutar pelos direitos humanos é coisa de bandido, de que bandido bom é bandido morto (dês de que seja preto, pobre e da periferia).

Enquanto educadores populares cumprimos a missão de levar a formação não importando em qual espaço for, dês de um acampamento de sem terras nas margens das rodovias a uma unidade prisional. Pois acreditamos na educação como um instrumento de transformação, não apenas do individuo, mas, sobretudo desse sistema que nos é imposto.
É comum ouvirmos dos educandos o agradecimento através de cartas entre outros meios por estarmos os tratando como seres humanos e por lhes estarem dando uma segunda chance, entendemos isso, sobretudo, por que muitas vezes são abandonados pelas próprias famílias. Mas também não deixamos de ressaltar que não estamos fazendo caridade, pois educação é um direito de todos e dever do estado. 
Por fim o que nos move acima de tudo é saber que estamos indo contra uma estrutura conservadora, exploradora e criminalizadora. E se estamos incomodando e trazendo mais gente consciente para o nosso lado é por que então estamos no caminho certo.
*Josilvado Moreira – Educador Popular e Gestor do Programa de Extensão de EJA da Unidade Prisional de Campos Belos.
Pedro Ferreira – Educador Popular e responsável por acompanhar os processos de articulação política e formação no nordeste goiano pela RECID-GO.

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