*Por Fabio Fiazzon
EM 2004 mais de 311 pessoas morreram no Paraguai durante incêndio em supermercado. Na época, ficou a indignação frente a atitude dos seguranças que seguiram a risca a maldita ordem dos donos para fecharem as portas para que as pessoas não saqueassem o estabelecimento.
Passado quase nove anos, temos mais de duzentos mortos em uma boate no Brasil de modo semelhante, isto é, fogo, ordem dos donos para fecharem as portas para as pessoas pagarem sua contas e seguranças que seguem a maldita ordem a risca.
"Segundo testemunhas, muitas pessoas não conseguiram sair pois os seguranças da boate fecharam as saídas para que as pessoas não saíssem sem pagar, trancando todos dentro."
O que chama a atenção nos dois casos é o valor que a mercadoria e o lucro tem frente a vida. Isso escancara para nós a crise humanitária que nossa geração vive. É preciso inverter essa mentalidade que por hora povoa nossos subconscientes.
Sinto dificuldade em aceitar esses casos como tragédia, pois ocorreram ordens para que as portas fossem fechadas e não teve ordem para abrir as mesmas portas. O que temos, são homicídios, pois as ordens vieram de pessoas que só tem o lucro como valor e não a vida.
Essa mentalidade de preferir matar frente a um possível prejuízo, é antigo, basta lembrarmos o ano de 1857, quando operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque ousaram entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica e incineradas, cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Qual a mentalidade do donos donos do capital naquele momento, queima-se as máquinas, o estoque, os documentos e as mulheres, isso para ficar de exemplo para que outras mulheres não ousem reivindicar direitos.
Enquanto o lucro estiver acima de tudo, nos confrontaremos com o Kiss da morte que vem com o fogo que apaga a vida, que vira cinza e o vento dispersa o pó que outrora foi vida, até outro fogo venha e portas sejam fechadas!
*Fabio Fiazzon é Assessor Parlamentar e militante de Direitos Humanos.
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