quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Famílias sem teto ocupam casas do programa Minha casa, minha vida no jardim Escala em Trindade - GO.


*Por Pedro Ferreira

Era por volta das 18h do dia 1º de Janeiro de 2013, quando começou a se ouvir o barulho das portas sendo arrebentada. Inicialmente observando pensávamos que era uma ação de vândalos, mas logo vimos que era uma ocupação. Foi de forma espontânea, sem organização, sem planejamento. Cerca de 600 famílias, foram chegando de carro, moto a pé e foram ocupando as casas desocupadas. Já por volta das 20h30 todas as casas que estavam vazias estavam tomadas.

As casas ocupadas ficam no residencial Escala no município de Trindade e foram construída com recursos do programa Minha Casa, minha vida do governo federal. As 1.200 casas foram entregues em uma cerimônia no dia 04 de dezembro para as famílias contempladas que deveriam mudar no máximo até 30 dias após o recebimento da chave. No entanto até o momento estimasse que apenas metade das famílias contemplada havia mudado para o residencial.

Conversamos com algumas pessoas que estavam fazendo parte do movimento às quais nos confirmou o que já avaliávamos que de fato era uma ação espontânea, espalhou se a informação de que as famílias contempladas com uma casa no residencial deveriam mudar até aquela data, após os 30 dias estipulados as famílias perderiam o direito. Foi, portanto segundo os ocupantes essa informação que estimulou a ação.

O confronto entre trabalhador x trabalhador

Um dos problemas que devem ser evitado é a briga das famílias que foram contempladas com uma casa no Jardim Escala e as famílias que ocuparam. Para tanto o governo municipal deve intervir de forma a superar o problema estabelecido, e a solução é uma apenas, garantir o direito constitucional de moradia a todos.


Devemos parar de cair na armadilha que os governos sempre tentam que é jogar trabalhador contra trabalhador.

Policia ameaça despejar as famílias ocupantes

Na manhã desta quarta-feira (02/13) o residencial Jardim Escala amanheceu com a presença de vários carros de polícia, segundo alguns moradores os mesmos pretendem despejar as famílias ocupantes das casas.

Fazemos um chamamento às organizações de defesa dos direitos humanos a acompanharem esse processo para que não aja por parte do estado nenhuma ação violenta contra essas famílias que legitimamente lutam pelos seus direitos.

O governo deve procurar resolver essa situação com política e não com policia. Devemos nos organizar e nos mobilizar contra qualquer violência por parte do estado contra as famílias que ocuparam as casas.

A retomada da luta por moradia em Goiânia e região metropolitana

Essa ação mostra que a questão da falta de moradia ainda é uma das grandes necessidades do povo trabalhador e que infelizmente os programas habitacionais dos governos muito pouco tem conseguido mudar essa realidade.

Em Goiânia e região metropolitana essa realidade foi maquiada no ultimo período com programas habitacional que contempla uma porcentagem pequena das famílias que não tem casa própria. Após o caso emblemático da ação de desocupação criminosa da ocupação Sonho Real (Parque Oeste Industrial), a luta por moradia resumiu se a preencher cadastro e esperar que em algum momento fosse contemplado pelos programas dos governos.

Recentemente a ocupação Pedro Nascimento no residencial JK mostrou que o déficit habitacional em Goiânia e região metropolitana esta longe de ser superado, bem como é o exemplo de que cada vez mais as famílias estão cansando de esperar de braços cruzados e com disposição de luta para conquistar a sua moradia. A ação das famílias do residencial Escala nas casas do programa Minha casa, minha vida também reflete a agudez do problema por moradia em Goiás e a disposição de lutar dos sem teto.

No entanto é necessário superarmos o espontâneismo e a falta de organização para luta. Precisamos de organizações de luta por moradia e reforma urbana em Goiânia e região metropolitana que organize ás milhares de famílias que sonham com uma casa própria para lutar pelos seus direitos.

*Por moradia digna a todas e todos!

*Pedro Ferreira é educador popular, bacharel em Serviço Social e militante do Bloco de Resistência Socialista.

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