Em sua quarta edição, evento será a maior mobilização de mulheres da América Latina
São Paulo – Margarida Maria Alves morreu aos 50 anos. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande – terra natal de Jackson do Pandeiro –, na Paraíba, estava diante de sua casa no final da tarde de 12 de agosto de 1983 quando um pistoleiro em um Opala vermelho disparou um tiro de escopeta que atingiu seu rosto. O crime teve repercussão internacional, mas, como tantos outros, ficou impune. É para lembrar da ativista e da morosidade da Justiça para apurar os responsáveis por sua morte que foi criada a Marcha das Margaridas, este ano na quarta edição. A expectativa é de que 100 mil pessoas participem da manifestação, nos próximos dias 15 e 16, em Brasília.
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), responsável pela marcha, será a maior mobilização de mulheres na América Latina neste ano. O evento é organizado pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (composto pela própria Contag, 27 federações e mais de 4 mil sindicatos), em parceria com 11 organizações nacionais e internacionais. Ainda para lembrar o assassinato de Margarida, 12 de agosto ficou conhecido como Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo.
A secretária das Mulheres da Contag, Carmen Foro, conta que neste ano as reivindicações foram organizadas em sete eixos, que incluem itens como melhores condições de trabalho e participação política. A maioria das críticas é voltada a grandes projetos, como a usina de Belo Monte, e suas consequências ao meio ambiente e aos próprios trabalhadores.
Em 18 de julho, uma comissão entregou a pauta de reivindicações para seis ministros, em Brasília. A presidenta Dilma Rousseff encontrará as mulheres no dia 17, logo após a saída da marcha, prevista para as 7h. Elas seguirão da Cidade das Margaridas, no Parque da Cidade, rumo à Esplanada dos Ministérios.
“Temos agora uma mulher na presidência e isso nos motiva a apostar em uma agenda positiva” disse Carmem. Para ela, Dilma Rousseff deveria participar da marcha e responder algumas das questões que foram encaminhadas.
O presidente da Contag, Alberto Broch, considera a Marcha das Margaridas um evento grandioso e que demonstra a capacidade de organização dessas trabalhadoras. “Quando queremos fazer algo, nosso poder de mobilização é enorme e a Marcha é uma grande demonstração disso", diz Alberto.
O evento inclui, no primeiro dia, um ato no Congresso Nacional, debates, show da cantora Margareth Menezes. No segundo dia, a marcha começa às 7h, com retorno previsto para a Cidade das Margaridas às 13h. A presidenta Dilma deverá estar no local a partir das 15h.
IMPORTANTE
Teremos ônibus disponibilizados, as companheiras devem se inscrever até o dia 10 de agosto.
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