*Por Frei Marcos Sassateli
O “Fórum Estadual pela Reforma Agrária
e Justiça no Campo de Goiás” (CPT - MST/GO - MLST - FETRAF/GO - FETAEG - TERRA
LIVRE - MVTC - MBTR - MPA - MCP - MMC - MAB - FÓRUM DE ECONOMIA SOLIDÁRIA -
ANDES - CUT - CONLUTAS - EPS/PT - DCE/UFG - ASSINCRA - NAJUP - SINDSAÚDE -
SINTSEP/GO - SINDIAGRI – MANDATOS DEP. ESTADUAL MAURO RUBEM - DEP. FEDERAL
MARINA SANTANA) divulgou, em 09 de novembro deste ano, Nota de Repúdio ao
Governo Federal. Conforme afirma a própria Nota - o Fórum “é um espaço de
articulação política em apoio à luta pela Reforma Agrária, agricultura familiar
camponesa e contra o latifúndio”. Diz a Nota que, “ao desempenhar tal papel, o
Fórum vem REPUDIAR as ações do Governo Federal, chefiado pela presidenta Dilma
Rousseff. Tais ações se referem à aplicação de cortes seguidos nos orçamentos
do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e aprofundamento do processo de
sucateamento do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)”.
Quem diria! Logo o Governo do PT que
sempre defendeu acirradamente a Reforma Agrária. Não dá para entender! É uma
verdadeira traição! Reparem o que a Nota diz ainda: “Nos últimos quatro anos, o
país tem assistido a um verdadeiro desmonte e sabotagem das políticas de
Reforma Agrária. Estas ações são protagonizadas pelo Governo Federal, que vem
terceirizando e esvaziando as ações do MDA, além de não promover concursos
públicos para o referido Ministério e para o INCRA - que, por sua vez, tem sido
bombardeado por uma série de normativas, decretos, que inibem ações para promoção
e estruturação da Reforma Agrária”. A Nota, pois, denuncia: “Há processos de
desapropriação e de aquisição que estão caducando em Brasília por falta da
emissão do decreto presidencial ou emissão dos TDA’s. Não há condições básicas
de trabalho, como falta de tinta para as impressoras, algo visto somente no
Governo Collor. Tudo isso é um verdadeiro retrocesso!”.
Continua denunciando: “E, como se não
bastasse, presenciamos o Governo Federal petista negar todo um passado de lutas
pela Reforma Agrária. Um exemplo recente foi ter como ‘parceira’, na
implantação da Empresa Nacional de Assistência Técnica Extensão Rural
(EMBRASTER), a senadora Kátia Abreu ( PSD-TO). Presidente da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a senadora é uma adversária histórica
do PT e dos movimentos sociais campesinos que lutam pela Reforma Agrária e pela
agricultura familiar, soberania alimentar e territorial. Kátia agora é tida
como ‘parceira de primeira hora’ e tem recebido carta branca para aplicar na
agricultura familiar o que pratica no chamado ‘agronegócio’: devastação
ambiental, envenenamento dos alimentos e do solo e a manutenção do latifúndio
que concentra renda e serve apenas ao capital internacional”. Que vergonha para
o PT! Que falta de Ética (da qual o PT sempre se considerou o paladino)!
Que decepção! O comportamento do
Governo Federal provoca indignação em todos/as que acreditaram que o PT seria
um partido diferente. Infelizmente, ele se aliou à “escória” da política
brasileira. E depois, como aconteceu nestes dias no caso do mensalão, o PT -
recorrendo a artifícios legais que, tudo indica, não tem nenhum fundamento e
com palavras que até emocionam - se faz de vítima, denunciando um complô da
direita para julgar e condenar injustamente seus membros. Pergunto: O que o PT
ainda tem de esquerda? Ele não se aliou à fina flor da direita brasileira
(Maluf, Sarney, Kassab e outros)? Que perigo ainda pode representar o PT para a
direita? Ele não é a sua última conquista? Por que tanta hipocrisia? A falta de
compromisso com a Reforma Agrária é um exemplo que mostra claramente de que
lado o PT está. Vale o ditado: diga-me com quem você anda e eu direi quem você
é.
A Nota do Fórum denuncia também: “E
este descaso e mudança de posicionamento do governo do PT se reproduzem em
Goiás, como a conduta de seu Diretório Estadual, que, salvo algumas exceções,
se limita a fazer negociações pontuais de grupos específicos, mas se cala e se
omite diante da questão central - inclusive no que diz respeito ao Governo
Estadual de Goiás. A Assistência Técnica e Extensão Rural em Goiás, bem como a
situação dos assentados e agricultores familiares, tornou-se um problema de
calamidade pública”. E ainda: “Os movimentos não querem e nunca quiseram eleger
mandatos somente, mas, sim, criar mecanismos para a construção do Poder Popular
sem perder valores e princípios ou abandonar bandeiras históricas de luta, em
que muitos derramaram seu sangue”. A Nota termina reafirmando o repúdio do
Fórum ao Governo Federal do PT.
“Por isso, REPUDIAMOS O GOVERNO FEDERAL
DO PT e sua falta de compromisso com sua história, deixando claro o
posicionamento do ‘Fórum Estadual pela Reforma Agrária e Justiça no Campo de
Goiás’. O Fórum está disposto mais que nunca a lutar por uma sociedade justa e
sem opressão, onde todos tenham dignidade e onde a vida seja respeitada, com o
fim do latifúndio e com a produção de alimentos saudáveis. Isso garantirá a
soberania e a segurança alimentar e territorial”. Conclui com palavras, que são
- para todos/as nós - um convite: “E, para aqueles que ainda não abandonaram
seus princípios e estão dispostos a defender tudo isso que acreditamos, temos
algo muito importante para dizer-lhes. O tempo do diálogo está passando. Então,
VAMOS À LUTA, POIS QUEM NÃO É A FAVOR, É CONTRA!”.
*Fr. Marcos Sassatelli, Frade
dominicano.
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