DIA 07 DE JULHO DE 2012
- Circuito da Marcha: Praça Universitária, Avenida 10, Praça Cívica, Avenida Goiás e término no cruzamento das avenidas Goiás e Anhanguera.
Concentração e oficina de cartazes pra Marcha 1 hora antes do início desta: às 09:00hs na Praça Universitária, em frente à Biblioteca.
A Marcha das Vadias surgiu mundialmente a partir da afirmação de um policial em Toronto, Canadá, em abril de 2011. Este afirmou que se as mulheres queriam evitar estupro, não deviam andar com roupas provocantes, com roupas de vadias. As marchas começaram a partir da indignação em relação à esta afirmação do policial que coloca a responsabilidade dos estupros nas vítimas. Marcha das Vadias, porque se andar com a roupa que queremos, seja ela qual for, é ser vadia, somos todas vadias, então, somos todas livres. O nome é também uma provocação. Chama atenção no início e desperta a curiosidade das pessoas que tentam entender o porquê deste nome e aí se informam e conhecem essa história e, geralmente, também se surpreendem com o absurdo que é culpar uma vítima por um estupro.
O coletivo de organização da marcha é algo muito simples, que surgiu da vontade de muitas mulheres goianas que viram a marcha acontecendo em outros lugares do país, souberam do motivo delas terem acontecido e pensavam em organizar uma aqui também. Ano passado tivemos duas Marchas das Vadias em Goiás, uma na UFG e outra que ocorreu durante o FICA. Este ano começamos a organização com um mês de antecedência e estamos com boas expectativas. Nas duas reuniões que tivemos, foram cerca de 20 a 25 pessoas. No nosso grupo no facebook já temos quase 300! Todas as deliberações são tomadas de forma coletiva em reunião. No grupo on line são recebidas propostas, feitos debates, etc.
No Brasil já foram feitas outras marchas, Marcha das Mulheres, Marcha das Margaridas, etc. Em nenhuma delas, infelizmente, conseguimos respaldo e muito menos que a mídia veiculasse informações corretas sobre elas. O nome vadias ou qualquer outro nome não muda o preconceito que a mulher vive todos os dias, pelo contrário, ele escancara o quanto ele está presente nas falas, nas universidades, no trabalho, nas relações de trabalho, em casa, etc. Toda mulher já foi chamada de “vadia”. Seja numa festa ou no ambiente de trabalho, basta ela não responder a expectativas geralmente machistas para ser chamada de “vadia”.
Felizmente, o movimento de mulheres e a adesão à Marchas como a das vadias está crescendo. Percebemos cada vez mais mulheres interessadas em lutar, em não ficarem caladas diante do machismo do dia-a-dia que humilha, estupra e mata. As redes sociais têm facilitado a comunicação a este respeito, pois na grande mídia tradicional raramente encontramos este espaço. A mulher na mídia é objetificada, o que também é machismo! Mas em Goiânia a luta por direito de mulheres não é novidade. Tem muita gente que luta há muitos anos. A Marcha das Vadias é novidade, porque também é uma novidade no mundo, mas contamos, sempre, com colaboração e com certeza contaremos com a presença de feministas históricas do estado na Marcha!
Apesar de avanços nas lutas das mulheres, ainda falta muita coisa! No Brasil, aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, os salários são desiguais, há muita violência doméstica, mulheres são ofendidas e abusadas indo e voltando do trabalho dentro do transporte público, etc. As mulheres ainda são impedidas de coisas elementares, como ir e vir em paz. Esse e outros dados de violência contra mulher são alarmantes! A sociedade de hoje só foi possível com a luta incansável de outras feministas de outros tempos, mas é necessário continuar a luta. O machismo vem de onde menos se espera. Esta semana recebemos a denúncia de um texto publicado num jornal local com o título "Marcha das Vadias e o crime precipitado pela vítima", onde um advogado membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/GO defende que a mulher é culpada pelo crime de estupro. Em suas palavras que ela vem desempenhando "um papel de incitador da violência contra si mesmo, contribuindo com a ação do criminoso, seja pela inspiração ou facilitação do crime. Desta forma, a vítima é sujeito ativo no crime perpetrado contra ela própria. Ela é partícipe e desenvolve forte influência para a realização do evento criminoso." Diante de uma declaração dessa, proferida por um advogado que diz defender os direitos humanos, ainda paira dúvida quanto à importância da luta diária contra o machismo?
O feminismo que defendemos é a luta diária por direitos das mulheres, é a defesa incansável de que as mulheres são livres e iguais, é a luta para que o machismo pare de nos matar! Mulheres livres, Margaridas, Vadias, o que for, são marchas de defesa da mulher contra o machismo.
Construção coletiva da MARCHA DAS VADIAS GOIÁS 2012:
https://www.facebook.com/groups/marchadasvadiasgyn/
Participe!
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