No sentido horário,
Carlinhos Cachoeira (no alto, à esq.), Marconi Perillo (PSDB), Jovair
Arantes (PTB) e Demóstenes Torres (DEM)
O
bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso dia 29, nomeou dezenas de pessoas
no governo goiano, também pagava políticos, empresários, policiais e
jornalistas. O governador Marconi Perillo permanece calado.
O
governador de Goiás, Marconi Perillo, vive dias de grande apreensão. O
motivo é a prisão do bicheiro Carlos Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira,
responsável pela máfia dos caça-níqueis, gestada a partir de Goiás e
que atuava em cinco estados brasileiros. Cachoeira tinha grande
influência sobre a área de segurança pública do governo goiano. O
governador teria loteado a área de segurança pública a um dos maiores
mafiosos do País. E, até agora, Perillo ainda não deu uma única
declaração sobre a operação Monte Carlo.
Os
cassinos de Carlinhos Cachoeira, em Goiânia e Valparaíso, tinham
rendimento médio de R$ 3 milhões/mês, Cachoeira mandava na polícia,
tinha jornalistas na sua folha de pagamento, mantinha uma rede de
espionagem ilegal e nomeou dezenas de pessoas para o governo do tucano
Marconi Perillo. Isso consta na decisão do juiz da 11ª Vara Criminal da
Justiça Federal de Goiás: “descobriu-se a influência de CARLOS CACHOEIRA
na nomeação de dezenas de pessoas para ocupar funções públicas no
Estado de Goiás”.
De
acordo com o documento de mais de 900 páginas, a máfia contaria com
sofisticada espionagem política e empresarial, mediante supostas
interceptações ilegais.Para a Justiça, o suspeito de liderar a quadrilha
pode ser considerado o maior corruptor de agentes públicos encarregados
da segurança pública de toda a história do estado de Goiás.
Na
decisão, o juiz responsável pela décima-primeira Vara da Justiça
Criminal de Goiás, escreve: “ao lado de 38 pessoas não vinculadas
diretamente ao poder público, foram identificados 43 agentes públicos,
distribuídos entre 6 delegados de polícia civil, 30 policiais militares,
2 delegados de polícia federal, 1 servidor administrativo de polícia
federal, 1 policial rodoviário federal... envolvidos diretamente com a
organização criminosa, a maior parte deles na sua ordinária folha de
pagamentos”. Também foi apontada a relação da quadrilha com jornalistas.
Operação Monte Carlo
Na
última quarta-feira (29), a Polícia Federal deflagrou a Operação Monte
Carlo [nome do famoso cassino de Mônaco], que culminou com a prisão do
Carlinhos Cachoeira e dezenas de policiais civis e militares, acusados
de envolvimento na exploração ilegal de cassinos e máquinas
caça-níqueis.
Em
cerca de 200 horas de gravações telefônicas, captadas com ordem
judicial, Cachoeira conversa com freqüência e intimidade com deputados
federais de vários partidos e com o senador goiano Demóstenes Torres,
líder do DEM no Senado Federal. De acordo com os investigadores, em
julho do ano passado Carlinhos Cachoeira deu um generoso presente de
casamento para o senador goiano: uma cozinha completa.
Entre
os presos na Operação Monte Carlo, o ex-presidente da Câmara Municipal
de Goiânia, Wladmir Garcez, era interlocutor freqüente do governador de
Goiás. Segundo investigadores, Garcez trocou dezenas de torpedos pelo
celular com o governador.
Nas
escutas telefônicas, metade da bancada de Goiás na Câmara conversava
habitualmente com Cachoeira. Entre eles, o deputado Jovair Arantes,
líder do PTB na Câmara. Outro interlocutor habitual de Carlinhos
Cachoeira é o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), presidente da
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos
Deputados.
Governo de Goiás
O
que se comenta em Brasília é que Cachoeira ajudou a bancar a campanha
de Perillo ao governo de Goiás em 2010. Na sentença, o juiz da 11ª Vara
também destaca que, ao desarticular a quadrilha de Carlos Cachoeira, foi
possível descobrir uma imensa rede de espionagem ilegal.
A
influência de Carlinhos Cachoeira no governo de Marconi Perillo também
atingiria outra área vital: a Secretaria de Indústria e Comércio, onde
trabalhariam seis parentes do bicheiro e do ex-presidente da Câmara
Municipal. Também flagrado, o coronel Sergio Katayama disse que há
crimes mais sérios a reprimir do que a jogatina.
Cachoeira
Carlos Cachoeira é talvez o mafioso mais audacioso do Brasil. No início do governo Lula, ele teve coragem de desafiar o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Cachoeira trabalhava pela liberação dos bingos e tentava pressionar o governo petista, que se mostrava favorável à causa. Só que quando um assessor de Dirceu foi procurá-lo, Cachoeira decidiu filmá-lo pedindo propina.
Carlos Cachoeira é talvez o mafioso mais audacioso do Brasil. No início do governo Lula, ele teve coragem de desafiar o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Cachoeira trabalhava pela liberação dos bingos e tentava pressionar o governo petista, que se mostrava favorável à causa. Só que quando um assessor de Dirceu foi procurá-lo, Cachoeira decidiu filmá-lo pedindo propina.
Era
Waldomiro Diniz, ex-subchefe da Casa Civil, que acaba de ser condenado a
12 anos de prisão. Como o caso teve destaque em todos os jornais,
revistas e televisões do Brasil ainda em 2004, chega a ser piada o fato
de um secretário de governo em Goiás declarar não saber o que Cachoeira
fazia da sua vida.
* Do site do MCP
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