terça-feira, 17 de abril de 2012

Camponeses iniciam jejum contra banco Itaú e Judiciário

*Do site do MCP:http://www.mcpbrasil.org.br

Elvira Cândida de Jesus Pereira e Ronaldo Rodrigues da Costa estão em jejum contra o banco bilionário, Itaú, e o poder Judiciário.  
Elvira Cândida de Jesus Pereira e Ronaldo Rodrigues da Costa estão em jejum contra o banco bilionário, Itaú, e o poder Judiciário. (foto: Aline Nascimento)
 
Os camponeses Elvira Cândida de Jesus Pereira e Ronaldo Rodrigues da Costa iniciaram hoje (16) jejum após o banco Itaú rejeitar acordo para o pagamento de dívida e manter ordem de despejo contra família camponesa. Elvira Cândida mora com seu marido, João Batista Pereira, três filhos e o genro em uma pequena propriedade rural, no município de Catalão. A terra foi leiloada e no final de março, um oficial de justiça, juntamente com a polícia militar, foi à propriedade, com mandado judicial, promover o despejo da família. O despejo não ocorreu devido ao acampamento de centenas de pessoas na propriedade.
Em reunião, semana passada, sobre a dívida, da gerência do banco Itaú, com o casal de camponeses e a coordenação do Movimento Camponês Popular (MCP), por intermédio do Ministério Público Federal, o Itaú requereu o pagamento de 80 mil reais e posteriormente abaixou para 20 mil reais. Mas, vinculou o recebimento da dívida à homologação do leilão e ao despejo da família. Diante disso, Elvira Cândida iniciou jejum, por tempo indeterminado, e está disposta a dar sua vida para defender seu local de moradia e sua única fonte de sobrevivência. Em solidariedade, o camponês e membro da direção do MCP, Ronaldo Rodrigues da Costa, também entrou em jejum.
Cálculos revelam que o valor máximo da dívida está hoje em 15 mil reais, respeitando a resolução 4.028, do Banco Central sobre a renegociação de operações de crédito rural no âmbito do Pronaf. Em 1997, João Batista fez empréstimo de 12 mil reais com o Banco do Estado de Goiás (BEG) para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). João Batista pagou metade do valor ao banco. O restante do valor não foi pago devido à problema grave de saúde de um dos filhos do casal. Em 2001, o Itaú comprou o BEG e a dívida dos seis mil reais restantes migrou de banco. João deu como garantia do empréstimo a penhora de animais e a hipoteca da terra, mas o Judiciário de Catalão não executou a penhora, que seria uma forma menos agravante. Houve o leilão da terra por menos da metade de seu valor e sem notificação à família.
Para evitar o despejo, camponeses e camponesas, integrantes de movimentos sociais, simpatizantes da causa, alunos e professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) mantêm há 21 dias acampamento na comunidade Ribeirão, na propriedade da família. Diariamente uma série de mobilizações ocorre pela cidade. Diante de tantas tentativas, sem sucesso, para evitar o despejo, a senhora Elvira Cândida de Jesus entrou em jejum para exigir que:
  1. O Banco Itaú peça, imediatamente, o cancelamento do leilão.
  2. O Judiciário de Catalão cancele o leilão de sua terra.
  3. O Ministério da Justiça, dado ao clima de medo instalado na região após a violência da Polícia Militar de Goiás e as ameaças sofridas por várias pessoas, intervenha para garantir a segurança dos ameaçados.
  4. O Governo Federal - que teve conhecimento do caso, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) - intervenha junto ao banco Itaú para que seja apresentado valor atualizado da dívida, baseada na resolução 4.028 do Banco Central, que permite a repactuação de dívidas. Além disso, na propriedade há investimento do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, através do Programa Nacional Habitação Rural (PNHR) e isso não consta nos autos do processo de leilão da terra. 
Comunicação MCP


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