sexta-feira, 20 de abril de 2012

Carta de Pedido de Solidariedade dos Camponeses em Greve de Fome em Catalão


Após várias tentativas, que terminaram em fracasso, para o pagamento de uma dívida do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), junto ao banco Itaú, a senhora Elvira Cândida de Jesus Pereira decidiu entrar em jejum, por tempo indeterminado, para permanecer em sua terra. Em reunião, o Itaú propôs o pagamento de vinte mil reais, reconhecendo assim o absurdo do valor, de oitenta mil reais, que está sendo cobrado na justiça. Mas, vinculou o recebimento da dívida à homologação do leilão e ao despejo do casal Elvira Cândida, João Batista Pereira, três filhos e o genro; o que foi rechaçado pelos camponeses que lutam pela pequena propriedade.
Diante disso, ficou claro que banco Itaú não quer receber a dívida, mas, sim, expulsar a família da terra. Os camponeses querem pagar a dívida junto ao banco, mas querem, acima de tudo, garantir o direito de permanecer na terra. A propriedade foi arrematada, por menos da metade do preço, por um empresário do município de Catalão (GO), dono da Auto Escola 100% e Despachante Costa, que quer a terra apenas como fonte de lazer e especulação.
A senhora Elvira Cândida está disposta a dar a vida para defender seu local de moradia e de seus filhos, bem como sua única fonte de sobrevivência. Em solidariedade à família, o camponês e membro do Movimento Camponês Popular (MCP), Ronaldo Rodrigues da Costa, também entrou em jejum. Ontem (17), o pastor evangélico, Antônio Carlos dos Santos, e o estudante do curso de Geografia, da Universidade Federal de Goiás, campus Catalão, Paulo Cesar Mota, também iniciaram jejum.
A camponesa Elvira Cândida ainda mantém a esperança no cancelamento do leilão, mesmo sabendo que o povo brasileiro considera o poder judiciário o mais injusto, o mais antidemocrático, o mais corporativo e o mais servil aos interesses dos ricos, como vem ocorrendo no caso do banco Itaú, em Catalão. Para isso exige que:
1)    O banco Itaú peça, imediatamente, o cancelamento do leilão.
2)    O Judiciário de Catalão cancele o leilão de sua terra.
3)    O Ministério da Justiça, dado ao clima de medo instalado na região, após ação violenta da Polícia Militar de Goiás e as ameaças sofridas por várias pessoas, intervenha para garantir a segurança dos ameaçados.
4)    O Governo Federal intervenha junto ao Itaú para que o banco apresente o valor atualizado da dívida, baseado na resolução 4.028 do Banco Central, que permite a repactuação de dívidas. Além disso, na propriedade tem investimento do Governo Federal, através do Programa Minha Casa Minha, e que não consta nos autos do processo do leilão da terra.

Diante disso, conclamamos a toda a população que seja solidária com a senhora Elvira Cândida e exija que o empresário que arrematou a terra, o banco Itaú e o Judiciário anulem o leilão, permitindo que a família permaneça na terra, produzindo alimentos saudáveis e diversificados para todos nós. Também convidamos a população para visitar a senhora Elvira, que se encontra acampada, e em jejum, na praça Getúlio Vargas, no centro de Catalão, e assine o abaixo assinado de apoio.

"Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres

Quer prestar sua solidariedade? Entre em contato conosco:
comunicacao@mcpbrasil.org.br ou vá até a praça Getúlio Vargas, no centro de Catalão.
Para acompanhar fotos das mobilizações e dos manifestantes em jejum, acesse nosso site.

Nenhum comentário:

Postar um comentário